(SE)CURA HUMANA REALIZA PERFORMANCE NA AV. PAULISTA EM ATO POR PEDIDO DE JUSTIÇA E PELAS VÍTIMAS DA VALE DE BRUMADINHO

O dia 25 de janeiro marca 5 anos da tragédia de Brumadinho, ainda sem justiça. Em ato promovido pela AVABRUM e pelo Instituto Camila e Luiz Taliberti na Avenida Paulista, o coletivo (se)cura humana realiza a performance SIMULAÇÃO DE UM LEVANTE, uma torre de comando com sirenes que subverte o sentido: convida o público para um ato de resistência contra crimes ambientais, e não para uma rota de fuga.

“SIMULAÇÃO DE UM LEVANTE”, com (se)cura humana
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“Simulação de um levante” é uma performance inédita do coletivo (se)cura humana, um coletivo de arte e ativismo ambiental que atua desde 2015 na cidade de São Paulo, e que foi convidado para participar da manifestação e ato por memória e justiça, promovido pela AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão-Brumadinho) e pelo Instituto Camila e Luiz Taliberti.

A performance criada por Flavio Barollo, Malu Avelar e Wellington Tibério está programada para acontecer durante o Ato por Memória e Justiça, promovido pelo Instituto Camila e Luiz Taliberti, na Avenida Paulista no dia 25 de janeiro, em trajeto itinerante que sai do MASP até a Rua Pamplona, esquina com a avenida.

A performance artística convoca os presentes a participarem de uma procissão – protesto em homenagem às vítimas da tragédia em Brumadinho.

Uma torre de comando móvel, equipada com sirenes em silêncio e envoltas com placas indicativas de rotas de fuga. No entanto, ao invés de instruir a população, a torre estimulará uma simulação de um levante popular, um protesto ativo e construtivo sobre resistência, novas perspectivas do caso, reparação, oportunidades e justiça para as vítimas.

O questionamento surge: é possível uma verdadeira fuga em situações de desastre? Qual a possibilidade de um ato de resistência mediante tamanha impunidade? No caso de Brumadinho, a sirene não tocou. Foram 272 vítimas fatais, 3 ainda desaparecidas. A lama tóxica afetou 26 municípios, atingiu 944 mil pessoas. São 5 anos sem condenação dos réus.

No topo da torre, um performer equipado com um megafone convida o público a participar dessa procissão – protesto, como um porta voz de uma simulação de um plano de emergência. As vozes de comando, através de fala pontuais e cantos, utilizam ferramentas de treinamento de fuga para justamente subverter o sentido, estimular o esclarecimento acerca das tragédias como a de Brumadinho. 272 fitas vermelhas em memória às vítimas sairão do topo da torre, das bocas das sirenes, até encontrar as pessoas no solo, onde cada uma das pessoas participantes pegará uma das pontas, representando cada uma das vítimas.

As fitas conectam as pessoas entre si, e as conectam entre o solo (território) e o alto da torre de comando (a máquina). Ao mesmo tempo, podem romper a qualquer momento mostrando a nossa fragilidade como sociedade e a dependência que temos destas empresas mineradores, suas indústrias e sua tecnologia.

Para finalizar a ação, o público se junta ao coral do Núcleo Musical da Cia do Tijolo para cantar a música “Coração Civil”, do mineiro Milton Nascimento em parceria com Fernando Brant.

A torre converte-se no epicentro de uma união simbólica entre as pessoas. A sirene ressoa, mas não como sinal de fuga, mas como um alerta de que estamos vivos e ávidos por justiça.

A apresentação da performance “Simulação de um levante” conta com o apoio do Legado de Brumadinho, projeto realizado com recursos destinados pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo pago a título de indenização social pelo rompimento da Barragem em Brumadinho em 25/01/2019, que ceifou 272 vidas.

JustiçaPorBrumadinho #SomosSementes #NãoFoiAcidente

Serviço:
​Dia 25/01
Concentração a partir das 11 horas
Na Avenida Paulista (SP) | (em frente ao MASP)
Trajeto: MASP até esquina da Rua Pamplona (350m de caminhada)

Sobre o (se)cura humana

O (se)cura humana é um coletivo de guerrilhas artísticas urbanas e aquáticas. Tem como seu foco de atuação as artes ligadas às questões ambientais, principalmente a abordagem que envolve a questão da água na cidade, tocando em aspectos como escassez/abundância, possibilidades de usos e técnicas de tratamento, contaminação. Recentemente, ampliou a discussão do trabalho acerca de ameaças de devastação de florestas, mudanças climáticas provocadas pela ação humana e racismo ambiental.

Flavio Barollo (videoartista e performer) compõe com Wellington Tibério (geógrafo e doutorando pela USP) a criação e o núcleo artístico do coletivo. Nesta performance, junta-se novamente ao grupo Malu Avelar (Artista interdisciplinar convidada para a 35ª Bienal de São Paulo com a obra “Sauna Lésbica”), que está com o grupo desde a obra Corpo-Árvore.

Atua em ações performáticas, instalações artísticas pela cidade (esculturas urbanas) e videoperformances ou vídeos-manifestos, com repercussão na mídia.

Os trabalhos recentes são: performances Corpo-Árvore e Piscina do Fim do Mundo, o happening Parque Aquático Móvel (um evento com piscinas e água de nascente em pleno asfalto), as obras Rio Paralelo Tamanduateí (uma pequena estação de tratamento do rio poluído), Lago da Travessa (lago com água de nascente) e Poço do Água Preta.

O coletivo surgiu em 2015 no período da crise hídrica com o projeto Vidas Secas SP, e de lá pra cá se formou e atuou promovendo ações que envolvem a participação ativa da comunidade local, o espírito de mobilizações em prol de uma nova cidade, da materialização de utopias. Foi nessa época que realizaram a emblemática performance Mergulho no Rio Tietê, amplamente coberta pela mídia, principalmente Globonews, Estadão e Reporter ECO da TV Cultura. (https://www.securahumana.com/imprensa).

O coletivo escreveu um ensaio crítico “Reinventar a cidade: ações artísticas para uma cidade (im)possível”, para a Revista Redobra, da Universidade Federal da Bahia, ao lado de nomes como Eduardo Viveiros de Castro e Sueli Rolnik, e participou de uma matéria para o Greenpeace da Alemanha.

Sobre a AVABRUM

A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão- Brumadinho (AVABRUM) nasceu em agosto de 2019, seis meses após o rompimento da barragem. Ela surgiu como uma reação dos familiares à brutalidade da tragédia-crime que matou 272 pessoas em poucos minutos no dia 25 de janeiro de 2019.

Mães e pais, viúvas e viúvos, irmãs e irmãos, filhos e filhas de vítimas fatais se uniram por causa de uma dor incomensurável, mas também, e principalmente, pelo amor pelos seus entes queridos engolidos por mar de lama que não lhes deu chance de fuga. As vítimas, hoje, são chamadas carinhosamente de Joias pelos familiares.

A AVABRUM tem como bandeiras a Justiça, pela responsabilização dos culpados; Encontro de todas as vítimas, sendo que 3 ainda estão sob a lama, não localizadas; a Memória, para que o crime e suas vítimas não sejam esquecidos; Direitos dos Familiares e Não Repetição do Crime.

Sobre o Instituto Camila e Luiz Taliberti

O instituto é uma entidade sem fins lucrativos, criada democraticamente em homenagem a Camila e Luiz Taliberti, vítimas fatais do rompimento da barragem em Córrego do Feijão, Brumadinho, Minas Gerais, em 25 de janeiro de 2019.

Os objetivos desta entidade, inaugurada em 25 de julho de 2019, se coadunam com os ideais e sonhos de seus inspiradores.


O Instituto Camila e Luiz Taliberti é uma criação de amigos, amigas e familiares para dar continuidade ao trabalho de ambos por mais justiça e respeito ao próximo e ao meio ambiente brutalmente interrompido pela tragédia de Brumadinho.

Sinopse:

“Simulação de um levante” é uma performance do coletivo (se)cura humana, a ser realizada na Avenida Paulista, no dia 25 de janeiro, data que marca os 5 anos da tragédia em Brumadinho. A performance convida o público para uma procissão – protesto, onde uma torre de comando itinerante com sirenes em silêncio e placas de evacuação, ao invés de orientar rotas de fuga em caso de desastres ambientais, promove uma simulação de um levante popular contra crimes impunes. Que levante é possível? Utilizando um plano de emergência subvertido, o ato visa empoderar os participantes através de ações artísticas, fazendo com que a torre se converta em um epicentro de uma união simbólica e ato coletivo. O som da sirene ressoa em nossas mentes, mas não como fuga, mas sim como um alerta por justiça.

Ficha técnica:

Criação e performance de Flavio Barollo, Malu Avelar e Wellington Tibério
Direção artística de Flavio Barollo
Produção (se)cura humana
Participação especial: Coral do Núcleo Musical da Cia do Tijolo, sob direção musical de William Guedes

Currículos:

Flavio Barollo


Nascido em São Paulo, transita entre as cênicas, audiovisual e novas tecnologias.

Curso pós graduação em direção teatral pela ESA Célia Helena, sob orientação de Antônio Araújo (2012-13) sob orientação de Antônio Araújo; Estudos da performance na PUC e USP com Lúcio Agra e Beth Lopes. Autodidata em tecnologias diversas ligadas ao audiovisual, como videoarte, videomapping, efeitos visuais (VFX) e Inteligência Artificial (IA). Artivista ambiental pelo coletivo (se)cura humana.

Em performance criou Corpo-Árvore (2023), Piscina do Fim do Mundo (2017-2023), Parque Aquático Móvel (2015-2023), Rio Paralelo Tamanduateí (2019) e Mergulho do Rio Tietê (2015).

Como cineasta, fez os documentários Parelha – um olhar para a realidade, do coletivo P.A.R.E.L.H.A (2023); Deserto SP, do (se)cura humana (2023); Vou contar uma história, da Cia do Tijolo (2021); Tá Tudo Treta e a Poesia Rege, da Cia do Tijolo (2020); Brasil de Tijolo, da Cia do Tijolo (2015); Véio, um história de Alberto Barollo (2008). Na ficção, dirigiu Loberia, com Karen Menatti (2015); O Sangue pelos Filhos, com Amanda Vieira (2010).

Com inteligência artificial, criou vídeos para o espetáculo Cena Ouro Epide(r)mia, da Cia Mungunzá de Teatro (2023); vídeo manifesto para Ópera Urbe Política Cínica (Coletivo Ópera Urbe); e a websérie Cidades Utópicas, do coletivo (se)cura humana), todos em 2023.

Malu Avelar

Artista interdisciplinar e arte-educadora. Nascida e criada na cidade de Sabará (MG), teve sua formação artística em Belo Horizonte na escola CEFAR (Centro de Formação Artística do Palácio das Artes) e no Grupo Jovem Compasso. Suas obras têm como fundamento a dança e pesquisas corporais voltadas ao pensamento da descolonização do corpo como um princípio inegociável para a existência na contemporaneidade, a partir disso, utiliza-se das artes visuais, escrita, sonoridades ou audiovisual para materializar suas obras sendo elas: Convidada para a 35ª Bienal de São Paulo, “Sauna Lésbica” é uma obra relacional instalativa que questiona não só a inexistência de saunas sapatonas ou para mulheres no Brasil, mas a necessidade do agrupamento dessas pessoas para repensar o erótico feminino como uma potência política, espiritual e de saúde. Sua primeira edição foi no segundo programa de residência artística do Festival Internacional Valongo (Santos/2019) e a sua segunda edição na Residência Vila Sul -Goethe-Institut Salvador-Bahia (2020). Possui dois filmes em parceria com a artista visual Ana Paula Mathias “Reverb” com coreografia de Malu Avelar e Mário Lopes e o “Orbital”, ambos, em circulação de diversos festivais, atualmente seguem expostos na exposição “Att tänka annorfunda” na Konsthallen Kultutens Hus (Luleå-Suécia). Recentemente a artista tem se dedicado à pesquisa da performance “1300° (Qual a saúde de um vulcão?) que se dá pela sobreposição subjetiva das formas piramidais presentes em formas vulcânicas e no modelo de estratificação social. Esta pesquisa se iniciou na Residência PlusAfroT (Munique-2019) dando continuidade na VeiculoSur Residência Internacional Itinerante (2021), a estreia da performance ocorreu no Teatro de Contêiner Mungunzá (São Paulo-2022), no mês de abril, tendo circulado também na Konsthallen Kultutens Hus (Luleå-Suécia) em Maio de 2022. Além do seu trabalho autoral, a artista desenvolve em conjunto seu trabalho como arte-educadora que tem como foco crianças e adolescentes. No momento atua na Fábrica de Cultura da Brasilândia (SP) com ateliês de Iniciação ao balé e criatividade na dança e Iniciação artística em parceria ao CCA da Cachoeirinha (SP). 

Wellington Tibério


Nascido em São Paulo, é professor de Geografia. Doutorando do FFLCH-USP. Performer pelo coletivo (se)cura humana, com as performances Piscina do Fim do Mundo, Rio Paralelo Tamanduateí, Parque Aquático Móvel e Corpo-Árvore. Músico (percussionista), fundador e integrante do grupo Coração Quiáltera (2000/12), com shows e CD “Concerto dos Irregulares Tempos” (2006) e “Sementeira – Sons da Percussão” (2010), em parceria com Caíto Marcondes, Marcos Suzano e Naná Vasconcelos. É co-fundador do bloco carnavalesco Água Preta. Ativista/Artista urbano, fundou o coletivo Ocupe e Abrace, que atua na Praça na Nascente, a tática Hezbolago, prática de escavação de lagos e criação de novos espaços aquáticos na cidade, o Parque Aquático Móvel, performance de experimentação das águas da cidade, e o coletivo da Travessa, que realiza a ocupação da Travessa Roque Adóglio, Vila Anglo Brasileira, São Paulo. Escreveu o ensaio ÁGUA E URBANISMO: AÇÕES ARTÍSTICAS PARA UMA CIDADE (IM)POSSÍVEL, para a Revista Redobra da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Jeferson Rogério – Coordenador técnico

Jeferson Rogério é construtor ambiental e estudante de Biologia. Cursou Engenharia Civil, trabalha com reformas e construções desde 2006, especializando-se em bioconstrução, saneamento ecológico, captação de água da chuva e sistema de aquaponia. Nas artes, com o (se)cura humana, participou da construção do Lago da Travessa e na realização da obra Rio Paralelo Tamanduateí, tanto na performance de coleta quanto no posterior tratamento ecológico das águas do Rio Tamanduateí e criação de um lago vivo com peixes e plantas aquáticas. É coordenador técnico do (se)cura humana. E também atua como performer na performance Corpo-Árvore.

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