Placa em homenagem às 272 Joias é inaugurada em Academia do Corpo de Bombeiros
Representantes dos familiares da tragédia-crime juntamente com o Governo de Minas e instituições de justiça participaram das honras em memória às vítimas
Brumadinho, 19 de janeiro de 2024 – Uma placa com os nomes das 272 vítimas do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, foi inaugurada esta semana no novo prédio da Academia do Corpo de Bombeiros Militar (ABM), em Belo Horizonte. A homenagem em formato de placa é a primeira do tipo instalada em um local que recebeu dinheiro do Acordo Judicial de Brumadinho, e outras semelhantes devem ser fixadas em obras e projetos realizados pelo Governo de Minas com tais recursos.
“Toda ação que traz melhoria e bem-estar dialoga com a memória dos nossos amores. Os bombeiros são nossos anjos sem asas. Traz alento aos nossos corações saber que o dinheiro do sangue advindo dos nossos amores, da nossa dor, da nossa lágrima, tem sido usado para salvar vidas. Mas é importante ressaltar que esse dinheiro do acordo só existe porque 272 pessoas morreram, então o dinheiro é do sangue deles, não é dinheiro da Vale, não é dinheiro dos cofres públicos”, disse Andresa Rodrigues, mãe de Bruno Rodrigues, morto na tragédia, e presidente da AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho), em nome da diretoria da entidade, que também estava presente no evento.
“Utilizar desse dinheiro para investir em melhores condições de trabalho e outras ações pertinentes é uma maneira de buscar a ressignificação da vida para muitos que foram castigados pela tragédia-crime da Vale”, completou a mãe de Bruno Rodrigues, que morreu na tragédia-crime da Vale.
No final do seu discurso, em tom de homenagem, Andresa juntamente e todos familiares presentes na solenidade, prestaram continência aos bombeiros como símbolo de respeito e gratidão à corporação.
Na imagem, representantes dos familiares das vítimas da tragédia-crime da Vale em Brumadinho prestam homenagem aos bombeiros durante inauguração da placa em homenagem às 272 Joias na Academia do Corpo de Bombeiros – Foto: AVABRUM
Complexo Militar Situado ao lado do Aeroporto da Pampulha, o prédio da Academia, conta com um espaço de mais de 153 mil m², uma área equivalente cerca de 15 campos de futebol, com auditórios, estande de tiro, piscinas, campo de futebol, prédio de alojamentos e salas de aula. O espaço também permite a realização de formaturas de pátio, seguindo tradição e honrarias da instituição para capacitar os militares. A ABM ainda é berço da formação e qualificação dos soldados do fogo, com cursos de ênfase na gestão de catástrofes – no complexo está localizada a sede do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres. O local, que antes era alugado da Infraero, agora poderá ser reformado graças aos recursos do Acordo Judicial.
Gratidão aos bombeiros
Considerada a maior operação de busca e resgate do Brasil, a ação chega hoje ao seu 1.819º dia sem previsão para acabar. Cerca de 6 mil bombeiros militares já atuaram na ação, que segue incansável na busca por Maria de Lurdes Bueno, Nathália Araújo e Tiago Silva, as 3 vítimas que ainda não foram encontradas, chamadas de Joias pelos familiares. O Encontro de todas as vítimas é uma das prioridades da AVABRUM, que tem na corporação um grande apoio. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a Operação Brumadinho só terá fim quando as 272 vítimas forem encontradas.
Participações e diálogos
Além da AVABRUM, participaram do descerramento da placa, o governador Romeu Zema, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG). Zema sugeriu aos familiares que apontassem questões para possíveis melhorias a serem feitas com os valores do acordo judicial. Algumas demandas apontadas foram: melhoria na MG-040, estrada que leva a Brumadinho, segurança pública de Brumadinho e Mário Campos que sofrem com o aumento da população, saneamento básico das regiões atingidas, fiscalização das obras, reforçando a transparência da aplicação do recurso, e que em todo feito e aquisições oriundas do acordo esteja o motivo e a homenagem às 272 vidas ceifadas pela tragédia-crime.