Maior acidente de trabalho do país une mulheres com o mesmo objetivo
Este é o terceiro Dia Internacional das Mulheres após o rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O maior acidente de trabalho já registrado no Brasil deixou muitas feridas e ainda provoca dor e sofrimento aos familiares e amigos das vítimas. Apesar disso, a tragédia também revela histórias inspiradoras que devem ser contadas.
Suely de Oliveira Costa, 49 anos, era casada com Paulo Geovane dos Santos, uma das 272 vítimas do desastre. Eles moravam no bairro rural Córrego do Feijão, local destruído pelo mar de lama. Um dia antes do rompimento da barragem, o casal dormiu na casa dos pais de Suely, em outra região da cidade. Em 25 de janeiro, Paulo Geovane resolveu voltar para o Córrego do Feijão antes da esposa, com quem conviveu por 10 anos.
“Foi o melhor ser humano que já conheci. Pessoa de primeira grandeza, maravilhoso”. Em datas como o Dia das Mulheres, Suely era presenteada pelo marido com flores, jantar, abraços e beijos. Hoje, ela segue morando em uma pousada ao lado dos três filhos e uma neta, na esperança de um dia voltar a ter o seu próprio lar. “Tudo foi muito cruel, deixa uma revolta muito grande”, desabafa. Durante 60 dias, Suely esteve no local da tragédia auxiliando nas buscas pelo corpo do marido e de outras vítimas. Todos os meses ela participa das homenagens aos atingidos e leva uma orquídea com a foto de Paulo.
Maria Regina da Silva, 58 anos, é servidora escolar. Ela perdeu a filha Priscila Elen Silva, de 29 anos. “Ver uma pessoa que você ama sair de casa e, horas depois, ficar sabendo daquilo é desesperador”, afirma. Para Regina, 8 de março significa renovação, luta e força, mas, acima de tudo, justiça. “Penso em todas as mulheres que se foram. É necessário fazer justiça por todas que sofrem algum tipo de violência”.
Natália Daisy Ribeiro, a sargento Daisy, trabalha no Corpo de Bombeiros de Minas Gerais há 12 anos. Ela é casada com um bombeiro e tem dois filhos. “Sou apaixonada pelo meu trabalho. Sou muito honrada por poder servir à sociedade e ajudar o próximo, me sinto realizada”, afirma. A militar participou dos trabalhos de resgate em Brumadinho e conta que a experiência exigiu muita dedicação de todos.
“Profissionalmente, porque foi um serviço técnico e extremamente exaustivo. Pessoalmente, devido à grande quantidade de vítimas que se foram. Nunca havia trabalhado em uma ocorrência com tantas mortes. Cada uma tem sua história, família e uma vida por trás”.
Daisy se recorda da grande quantidade de voluntários que ajudaram os bombeiros durante o período mais difícil das buscas. “A ajuda deles foi essencial para nosso trabalho. Lavavam até nossas fardas que estavam sujas de lama”. Para ela, o Dia das Mulheres é uma data de luta por igualdade. “As mulheres precisam ter os mesmos direitos e oportunidades que os homens possuem e, acima de tudo, respeito, sempre”.
Nivia Mara Moreira Martins, conhecida como sargento Mara, faz parte do quadro de saúde do Corpo de Bombeiros há 17 anos. Ela é casada e mãe de um menino de oito anos. Atualmente, é a militar que há mais tempo participa da Operação Brumadinho. Durante este período, duas situações lhe chamaram a atenção: a garra dos colegas bombeiros, que queriam trabalhar mesmo feridos, e as histórias de cada vítima, contadas por parentes e conhecidos.
“Essa profissão, Bombeiro da Saúde, pode ser definida em uma frase, que representa minha missão na corporação: Cuidar de quem Salva! Cheguei no segundo dia e estou até hoje”. Perguntada sobre o dia 8 de março, a sargento Mara afirma: “a mulher pode ser o que quiser, ela é capaz de executar tarefas que antes eram destinadas apenas aos homens, consegue ter diversas jornadas. No meu caso, sou bombeira, mãe, estudante”, destaca.
Suely, Regina, Daisy e Mara têm em comum a mesma garra, determinação e esperança. As quatro representam outras tantas mães, esposas, filhas e irmãs que já perderam familiares em acidentes de trabalho no Brasil ou que estiveram em grandes operações de resgate. São heroínas da vida real que merecem mais do que apoio e empatia, mas também todo respeito e admiração da sociedade.
#AmanhãPodeSerTarde
- 446.881 acidentes de trabalho foram regisrados o Brasil em 2020
- 1.866 trabalhadores morrem no mesmo período
- São 8 mortes para cada 100 mil empregados
- São Paulo é líder em acidentes, com 148.103 casos
- Minas Gerais ocupa a segunda posição, com 46.901 acidente
- Brumadinho foi o maior acidente de trabalho do Brasil, com 272 mortes, sendo 130 trabalhadores e 121 empregados terceirizados, além dos 2 nascituros e 19 moradores da comunidade e turistas.
Este é o terceiro Dia Internacional das Mulheres após o rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O maior acidente de trabalho já registrado no Brasil deixou muitas feridas e ainda provoca dor e sofrimento aos familiares e amigos das vítimas. Apesar disso, a tragédia também revela histórias inspiradoras que devem ser contadas.
Suely de Oliveira Costa, 49 anos, era casada com Paulo Geovane dos Santos, uma das 272 vítimas do desastre. Eles moravam no bairro rural Córrego do Feijão, local destruído pelo mar de lama. Um dia antes do rompimento da barragem, o casal dormiu na casa dos pais de Suely, em outra região da cidade. Em 25 de janeiro, Paulo Geovane resolveu voltar para o Córrego do Feijão antes da esposa, com quem conviveu por 10 anos.
“Foi o melhor ser humano que já conheci. Pessoa de primeira grandeza, maravilhoso”. Em datas como o Dia das Mulheres, Suely era presenteada pelo marido com flores, jantar, abraços e beijos. Hoje, ela segue morando em uma pousada ao lado dos três filhos e uma neta, na esperança de um dia voltar a ter o seu próprio lar. “Tudo foi muito cruel, deixa uma revolta muito grande”, desabafa. Durante 60 dias, Suely esteve no local da tragédia auxiliando nas buscas pelo corpo do marido e de outras vítimas. Todos os meses ela participa das homenagens aos atingidos e leva uma orquídea com a foto de Paulo.
Maria Regina da Silva, 58 anos, é servidora escolar. Ela perdeu a filha Priscila Elen Silva, de 29 anos. “Ver uma pessoa que você ama sair de casa e, horas depois, ficar sabendo daquilo é desesperador”, afirma. Para Regina, 8 de março significa renovação, luta e força, mas, acima de tudo, justiça. “Penso em todas as mulheres que se foram. É necessário fazer justiça por todas que sofrem algum tipo de violência”.
Natália Daisy Ribeiro, a sargento Daisy, trabalha no Corpo de Bombeiros de Minas Gerais há 12 anos. Ela é casada com um bombeiro e tem dois filhos. “Sou apaixonada pelo meu trabalho. Sou muito honrada por poder servir à sociedade e ajudar o próximo, me sinto realizada”, afirma. A militar participou dos trabalhos de resgate em Brumadinho e conta que a experiência exigiu muita dedicação de todos.
“Profissionalmente, porque foi um serviço técnico e extremamente exaustivo. Pessoalmente, devido à grande quantidade de vítimas que se foram. Nunca havia trabalhado em uma ocorrência com tantas mortes. Cada uma tem sua história, família e uma vida por trás”.
Daisy se recorda da grande quantidade de voluntários que ajudaram os bombeiros durante o período mais difícil das buscas. “A ajuda deles foi essencial para nosso trabalho. Lavavam até nossas fardas que estavam sujas de lama”. Para ela, o Dia das Mulheres é uma data de luta por igualdade. “As mulheres precisam ter os mesmos direitos e oportunidades que os homens possuem e, acima de tudo, respeito, sempre”.
Nivia Mara Moreira Martins, conhecida como sargento Mara, faz parte do quadro de saúde do Corpo de Bombeiros há 17 anos. Ela é casada e mãe de um menino de oito anos. Atualmente, é a militar que há mais tempo participa da Operação Brumadinho. Durante este período, duas situações lhe chamaram a atenção: a garra dos colegas bombeiros, que queriam trabalhar mesmo feridos, e as histórias de cada vítima, contadas por parentes e conhecidos.
“Essa profissão, Bombeiro da Saúde, pode ser definida em uma frase, que representa minha missão na corporação: Cuidar de quem Salva! Cheguei no segundo dia e estou até hoje”. Perguntada sobre o dia 8 de março, a sargento Mara afirma: “a mulher pode ser o que quiser, ela é capaz de executar tarefas que antes eram destinadas apenas aos homens, consegue ter diversas jornadas. No meu caso, sou bombeira, mãe, estudante”, destaca.
Suely, Regina, Daisy e Mara têm em comum a mesma garra, determinação e esperança. As quatro representam outras tantas mães, esposas, filhas e irmãs que já perderam familiares em acidentes de trabalho no Brasil ou que estiveram em grandes operações de resgate. São heroínas da vida real que merecem mais do que apoio e empatia, mas também todo respeito e admiração da sociedade.
#AmanhãPodeSerTarde
- 446.881 acidentes de trabalho foram regisrados o Brasil em 2020
- 1.866 trabalhadores morrem no mesmo período
- São 8 mortes para cada 100 mil empregados
- São Paulo é líder em acidentes, com 148.103 casos
- Minas Gerais ocupa a segunda posição, com 46.901 acidente
- Brumadinho foi o maior acidente de trabalho do Brasil, com 272 mortes, sendo 130 trabalhadores e 121 empregados terceirizados, além dos 2 nascituros e 19 moradores da comunidade e turistas.
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