Em seu terceiro encontro, Oficina de Comunicação Comunitária ganha nome e identidade

O mais novo grupo de comunicação de Brumadinho, o CEJA – Comunicação Expressiva Pelas Joias, já trabalha na escolha da identidade para dar voz aos que mais precisam

Os futuros comunicadores comunitários estão trabalhando a todo vapor na Oficina do Projeto Legado de Brumadinho. No último encontro, realizado no sábado (2/7), com a coordenação da jornalista Alessandra Dantas, os alunos deram um passo muito importante: escolheram  um nome para a oficina e a identidade já está sendo criada.

Batizado de CEJA – Comunicação Expressiva Pelas Joias, o nome escolhido nasceu de uma grande reunião de ideias, onde todos puderam contribuir com sugestões, argumentações e criatividade. Alessandra Dantas mencionou que a vivência e proximidade dos bolsistas com o município de Brumadinho foi peça importantíssima na escolha do nome do projeto. “Este encontro foi bastante proveitoso pois trabalhamos em cima da identidade visual do projeto. Os jovens pensaram no nome e, a partir disso, utilizando toda ligação que eles têm com o município, e o compromisso com o legado, nasceu um nome. Agora, partiremos para o visual”, comenta a jornalista.

As atividades são desenvolvidas por comunicadores com conhecimentos e experiências em diversos nichos e, paralelo à criação da identidade, houve gravações de vídeos orientadas pela jornalista e educadora social Sheila Castro, que atua com o audiovisual. Ela criou um mini estúdio e os estudantes tiveram um momento para falar mais sobre si mesmos, tendo como ideia a produção de um material com cada história, além de trabalhar técnicas tanto para filmagens quanto para produção dos vídeos. Sheila, após iniciar as tarefas, demonstrou satisfação com a rica história dos jovens e como eles estão se desenvolvendo bem: “Eles têm uma grande presença. As histórias são fortes e eles estão se saindo bem. O tempo não foi suficiente para gravarmos com todos, então na próxima semana continuaremos atuando nisso.”

Turma em aula

“Uma maturidade que impressiona”

Uma das primeiras percepções da turma, segundo Elias Pereira dos Santos – jornalista, radialista, professor de comunicação e um dos coordenadores das oficinas – é a maturidade da turma e como isso é fundamental para o projeto. “É um mérito da cidade, e da própria AVABRUM (Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho), no quesito consciência. Os alunos conseguem argumentar muito bem as questões. É bonito e importante, além de nos dar um conteúdo muito forte. Uma maturidade que impressiona”, comentou. Tendo como um desafio o trabalho na linguagem e forma de expressar, Elias Pereira ainda reforça que é perceptível a responsabilidade dos alunos com o projeto, e isso pode ser um grande legado para o município.

Bem instalados e já utilizando as ferramentas disponibilizadas pela Sabic (Associação dos Amigos das Bibliotecas Comunitárias), os alunos estão entrando de vez em uma das partes da comunicação, que muitas vezes fica oculta. “Precisávamos achar um nome para o grupo, que futuramente será o nome do programa de rádio, de televisão, design… hoje conseguimos ter esse nome e explicar um pouco do que acontece no mundo, e pudemos exemplificar trazendo as atividades que estão acontecendo neste momento, no Brasil, com as eleições e essa tempestade de ideias. É um trabalho importante na área da publicidade e que pode tocar as pessoas pelo sentimento. Tal ação também aguça o senso crítico dos jovens”, comenta o jornalista.

Relacionamento com a AVABRUM

“É importante que todo trabalho seja aprovado pela AVABRUM. Este conteúdo faz parte de uma engrenagem que precisa responder às expectativas. Nós precisamos aprender a trabalhar dentro dos interesses que nos rodeiam”, diz o professor Elias, demonstrando que os alunos da oficina estão bastante atentos aos objetivos, com responsabilidade e foco. O jornalista ainda conclui dizendo que “a construção desse relacionamento não é fácil, mas é totalmente importante para o pleno alinhamento das atividades para que o legado seja cada vez maior”.

Comunicar para superar

Ter voz é um grande poder. É cientificamente comprovado que qualquer fala pode ajudar o corpo e a mente a tornar os problemas mais compreensivos, seja como um desabafo ou um pedido. A jovem Perla Silva, que participou assiduamente das atividades de escolha do nome CEJA para o grupo, perdeu sua irmã Priscila na tragédia-crime e acredita que a oficina será muito importante para seu aprendizado. “A oficina está sendo instrutiva e é uma grande oportunidade de adquirir mais conhecimento. Acho que esse grupo poderá contribuir como porta-voz, esclarecendo fatos que a sociedade ainda não tem conhecimento”, comentou.

Dentro da área da comunicação, Perla disse ter mais afinidade na produção dos textos, que escrever faz bem para ela, e pode ajudar a contar um outro lado da história. “Muitas pessoas ainda não conhecem a verdade sobre tudo que aconteceu, sob o nosso olhar, como familiar de vítima”, mencionou. De acordo com ela, a grande mídia não sabe como é a realidade local, o que causa uma frustração. “O sentimento é de tristeza, raiva, indignação, com a falta de respeito e todas as inverdades que são publicadas. Com a oficina vamos poder ajudar a esclarecer e mostrar a verdade de um jeito ético e técnico,” finalizou.

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