No Dia Mundial da Água, Brasil tem pouco o que comemorar
O Dia Mundial da Água é celebrado em 22 de março, mas não temos muito o que comemorar. De acordo com estudo publicado pelo Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), entre 1985 e 2020, houve uma clara tendência de perda de superfície de água nas regiões hidrográficas de todos os biomas brasileiros. A diminuição da superfície coberta com água no Brasil foi de 15,7% desde o início dos anos 90, caindo de quase 20 milhões de hectares para 16,6 milhões em 2020.
O levantamento feito pelo MapBiomas conclui, ainda, que a perda de 3,1 milhões de hectares em 30 anos equivale a uma vez e meia a superfície de água de toda a região Nordeste registrada em 2020. Os pesquisadores apontaram vários fatores que podem explicar a redução de superfície de água no Brasil, entre elas estão: o uso da terra baseado na conversão da floresta para pecuária, a construção de represas em fazendas para irrigação, e, em maior escala, as grandes represas para produção de energia. Além deles, os acidentes de trabalho também representam um grande risco para os nossos rios.
Acidente de trabalho afetou bacia do Paraopeba
Minas Gerais, de acordo com a pesquisa, é o terceiro estado que mais perdeu água nas últimas décadas: saldo negativo de mais de 118 mil hectares. O estado da Região Sudeste fica atrás apenas do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, ambos no Centro-Oeste do país. Para piorar a situação, a tragédia ocorrida em Brumadinho (MG), em 2019, após o rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, afetou drasticamente o Rio Paraopeba, cuja extensão é de 546,5 km e sua bacia cobre 12.090 quilômetros quadrados.
Conforme Boletim Informativo publicado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), na primeira semana de monitoramento após a tragédia, os maiores impactos sobre o Rio Paraopeba ocorreram nos primeiros 40 km de extensão. Esse trecho ficou totalmente impactado, inviabilizando o uso da água para as mais diversas finalidades, pois foram encontrados valores elevados de turbidez, ferro, manganês, alumínio e presença de metais pesados como chumbo e mercúrio.
Em março de 2022, três anos após o desastre, o Igam ainda mantinha a recomendação de não utilização da água bruta do Rio Paraopeba para qualquer fim, no trecho que abrange os municípios de Brumadinho até Pompéu, a cerca de 250 km de distância de onde aconteceu o rompimento. Além disso, a tragédia em Mariana (MG), em 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, que eram formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama. O material provocou a morte de organismos aquáticos, além de assoreamento e mudanças nos cursos dos rios, diminuição da profundidade e até mesmo soterramento de nascentes.
Oceano e lençol freático também sofrem com contaminação de empresas
Outro exemplo de acidente de trabalho que provocou problemas ambientais é a explosão da plataforma P-36 da Petrobras, ocorrido em 2001. Segundo estudo publicado no XII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, a plataforma tinha estocada uma grande quantidade de óleo diesel e petróleo bruto. Os fluidos começaram a vazar para o oceano, a uma distância aproximada de 150 km da costa. O desastre só não foi maior porque o fluxo dos poços ligados à plataforma foi interrompido logo após as explosões.
Os casos de contaminação por agrotóxicos em Paulínia/SP também prejudicaram o meio ambiente. Ao longo dos anos, o lençol freático nas proximidades do Rio Atibaia foi comprometido por substâncias tóxicas com níveis até 11 vezes acima do permitido pela legislação brasileira. Todos esses exemplos demonstram a necessidade de um amplo debate sobre as regras de segurança do trabalho no Brasil, para que as nascentes, as lagoas e os rios sejam preservados em nosso país.
#AmanhãPodeSerTarde
- 446.881 acidentes de trabalho foram regisrados o Brasil em 2020
- 1.866 trabalhadores morrem no mesmo período
- São 8 mortes para cada 100 mil empregados
- São Paulo é líder em acidentes, com 148.103 casos
- Minas Gerais ocupa a segunda posição, com 46.901 acidente
- Brumadinho foi o maior acidente de trabalho do Brasil, com 272 mortes, sendo 130 trabalhadores e 121 empregados terceirizados, além dos 2 nascituros e 19 moradores da comunidade e turistas.
O Dia Mundial da Água é celebrado em 22 de março, mas não temos muito o que comemorar. De acordo com estudo publicado pelo Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas), entre 1985 e 2020, houve uma clara tendência de perda de superfície de água nas regiões hidrográficas de todos os biomas brasileiros. A diminuição da superfície coberta com água no Brasil foi de 15,7% desde o início dos anos 90, caindo de quase 20 milhões de hectares para 16,6 milhões em 2020.
O levantamento feito pelo MapBiomas conclui, ainda, que a perda de 3,1 milhões de hectares em 30 anos equivale a uma vez e meia a superfície de água de toda a região Nordeste registrada em 2020. Os pesquisadores apontaram vários fatores que podem explicar a redução de superfície de água no Brasil, entre elas estão: o uso da terra baseado na conversão da floresta para pecuária, a construção de represas em fazendas para irrigação, e, em maior escala, as grandes represas para produção de energia. Além deles, os acidentes de trabalho também representam um grande risco para os nossos rios.
Acidente de trabalho afetou bacia do Paraopeba
Minas Gerais, de acordo com a pesquisa, é o terceiro estado que mais perdeu água nas últimas décadas: saldo negativo de mais de 118 mil hectares. O estado da Região Sudeste fica atrás apenas do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, ambos no Centro-Oeste do país. Para piorar a situação, a tragédia ocorrida em Brumadinho (MG), em 2019, após o rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, afetou drasticamente o Rio Paraopeba, cuja extensão é de 546,5 km e sua bacia cobre 12.090 quilômetros quadrados.
Conforme Boletim Informativo publicado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), na primeira semana de monitoramento após a tragédia, os maiores impactos sobre o Rio Paraopeba ocorreram nos primeiros 40 km de extensão. Esse trecho ficou totalmente impactado, inviabilizando o uso da água para as mais diversas finalidades, pois foram encontrados valores elevados de turbidez, ferro, manganês, alumínio e presença de metais pesados como chumbo e mercúrio.
Em março de 2022, três anos após o desastre, o Igam ainda mantinha a recomendação de não utilização da água bruta do Rio Paraopeba para qualquer fim, no trecho que abrange os municípios de Brumadinho até Pompéu, a cerca de 250 km de distância de onde aconteceu o rompimento. Além disso, a tragédia em Mariana (MG), em 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, que eram formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama. O material provocou a morte de organismos aquáticos, além de assoreamento e mudanças nos cursos dos rios, diminuição da profundidade e até mesmo soterramento de nascentes.
Oceano e lençol freático também sofrem com contaminação de empresas
Outro exemplo de acidente de trabalho que provocou problemas ambientais é a explosão da plataforma P-36 da Petrobras, ocorrido em 2001. Segundo estudo publicado no XII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, a plataforma tinha estocada uma grande quantidade de óleo diesel e petróleo bruto. Os fluidos começaram a vazar para o oceano, a uma distância aproximada de 150 km da costa. O desastre só não foi maior porque o fluxo dos poços ligados à plataforma foi interrompido logo após as explosões.
Os casos de contaminação por agrotóxicos em Paulínia/SP também prejudicaram o meio ambiente. Ao longo dos anos, o lençol freático nas proximidades do Rio Atibaia foi comprometido por substâncias tóxicas com níveis até 11 vezes acima do permitido pela legislação brasileira. Todos esses exemplos demonstram a necessidade de um amplo debate sobre as regras de segurança do trabalho no Brasil, para que as nascentes, as lagoas e os rios sejam preservados em nosso país.
#AmanhãPodeSerTarde
- 446.881 acidentes de trabalho foram regisrados o Brasil em 2020
- 1.866 trabalhadores morrem no mesmo período
- São 8 mortes para cada 100 mil empregados
- São Paulo é líder em acidentes, com 148.103 casos
- Minas Gerais ocupa a segunda posição, com 46.901 acidente
- Brumadinho foi o maior acidente de trabalho do Brasil, com 272 mortes, sendo 130 trabalhadores e 121 empregados terceirizados, além dos 2 nascituros e 19 moradores da comunidade e turistas.
Dia 7 vai ter concerto com Marcus Viana, autor da trilha do Pantanal, e debate com Padre Júlio, Marina Siva e Daniela Arbex
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