Exposição em Munique e Ato em Brumadinho destacam a importância da arte para homenagear as 272 vítimas
A exposição artística realizada em 25/06 é noticiada pela imprensa de Munique e por sites brasileiros
Uma exposição de arte conectou as cidades de Munique, na Alemanha, e de Brumadinho, em Minas Gerais, para homenagear as vítimas do rompimento da Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em 2019. Em Munique, as artistas mineiras Isadora Canela, Lis Haddad e Thaís Machado inauguraram, no dia último dia 25 de junho, a exposição Over (The) Mine que convida o público a refletir sobre os aspectos obscuros da mineração. Na mesma data, integrantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (AVABRUM) realizaram um ato, em Brumadinho, para lembrar as 272 vítimas da tragédia, destacando a importância da exposição-denúncia realizada na Alemanhã.
As obras ficaram expostas ao público em Munique, cidade onde tramitam duas ações de familiares de vítimas contra a Tüv Süd, empresa que certificou a segurança da barragem de rejeitos que se rompeu em 25 de janeiro de 2019. Os processos judiciais buscam a responsabilização da empresa e de seus executivos. Sediada em Munique, a multinacional alemã é citada mais de mil vezes no relatório final da CPI da Câmara dos Deputados que apurou as responsabilidades sobre a tragédia. Na página 561, por exemplo, os deputados destacaram que a “TÜV SÜD não demonstrou nenhum intuito de colaborar com as investigações dos fatos”, chegando, inclusive, a agir “deliberadamente no sentido de dificultar qualquer tentativa de elucidação dos fatos que levaram à morte de centenas de pessoas em Brumadinho.”
Com a apresentação das obras de arte, as artistas mineiras procuraram despertar no público uma reflexão sobre os efeitos da atuação das mineradoras na vida de trabalhadores, das comunidades e os resultados dos impactos no meio ambiente a partir da tragédia de Brumadinho. A inauguração da exposição ocorreu no sábado, 25, às 12h28min25s, no mesmo horário em que o reservatório de rejeitos se rompeu em 2019 na cidade mineira. Iniciativa da Ebenböckhaus, residência de artistas em Munique mantida com recursos públicos da cidade, o evento na Alemanha também teve o objetivo de rememorar a ruptura da barragem em Mariana (MG), que ocorreu em novembro de 2015, pouco menos de quatro anos antes da tragédia de Brumadinho.
Na exposição, foi lida uma carta da AVABRUM dirigida às artistas e ao público, reforçando a importância das manifestações artísticas que expõem crimes e despertam a indignação. “Ficamos gratos e sensibilizados com o tema escolhido para esta exposição que toca nossos corações, celebra a memória e nos desafia, juntos, a desmontar as estruturas do poder econômico e a engrenagem predatória das empresas mineradoras”, diz o texto assinado pela diretoria da AVABRUM. A exposição ocorreu nos dias 25 e 26 de junho no espaço da Ebenböckhaus, em Munique.
Já em Brumadinho, as lideranças da AVABRUM realizaram o Ato de Justiça, Encontro e Memória das 272 joias em homenagem às vítimas, destacando a relevância das manifestações artísticas na Alemanha que foram ao encontro da defesa do valor à vida humana e da preservação do meio ambiente. Segundo a associação, a exposição em Munique é um estímulo ao Projeto Legado de Brumadinho que tem, entre seus objetivos promover iniciativas voltadas à construção de conhecimento e de ressignificação da vida a partir da arte e da cultura. A exposição teve boa repercussão na imprensa de Munique e também foi tema de matérias em sites nacionais. Para conferir as matérias, acesse os links a seguir:
