Famílias se reúnem em protesto pedindo justiça em Brumadinho

Na última sexta-feira, dia 29 de abril, aconteceu em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, um ato em defesa da manutenção do processo da Vale em Minas Gerias. A manifestação, ocorreu um dia depois do Dia Mundial de Prevenção de Doenças e Acidentes do Trabalho e dois dias antes do Dia do Trabalhador. O ato foi realizado em frente ao Fórum da cidade.

O protesto foi idealizado e realizado pela diretora da AVABRUM Regina Silva, mãe de uma das 272 vítimas do rompimento da Barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, no dia 25 de janeiro, de 2019. “Dona Regina”, como é conhecida, é uma das diretoras da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum). O ato de protesto foi contra uma manobra jurídica dos advogados de defesa de executivos da Vale, alegando que o assunto deve ser julgado no nível federal, a cargo do STF (Superior Tribunal Federal). Se a manobra for aceita, a ação fica prejudicada visto que sai da Comarca de Brumadinho, onde o processo vem sendo julgado desde o início, e entra na pauta do STF, o que vai postergar a decisão da Justiça.

O ato começou por volta de meio dia. Os manifestantes exibiam fotos de todas as vítimas do rompimento. Foram colocadas faixas nas grades do Fórum, pedindo celeridade do processo e as palavras de ordem dos manifestantes eram por “Justiça” e pedindo ao Ministro do STF, Edson Fachin, relator do caso, que devolva o processo para a Comarca de Brumadinho – MG.

Parentes das vítimas do rompimento se pronunciaram. Dona Regina falou da dor pela perda da filha, Priscila Elen Silva, e cobrou por justiça e celeridade do processo. Ela lembrou que o ato acontecia nas vésperas do Dia Internacional do Trabalho (celebrado em 1 de maio) e que sua filha e as demais vítimas morreram trabalhando. Edi Tavares, esposa de Nilson Dilermando Pinto, lembrou que o marido foi funcionário da Vale por 35 anos e que foi morto pelo mar de lama que também destruiu boa parte do meio ambiente na região.

Edi também citou como é dura a luta contra mineradora, que lhe causou tanta dor, depois do dia 25 de janeiro de 2019. Ela clamou por justiça pelas 272 vítimas, que tiveram suas vidas ceifadas naquele que foi considerado, pela Justiça do Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho, o maior acidente de trabalho do Brasil.

A presidente da Avabrum, Alexandra Andrade, citou que a AVABRUM está nessa luta por justiça há mais de três anos e pediu que o STF interceda pelo caso e traga o processo de volta para o Fórum de Brumadinho. Recordou das seis joias que ainda não foram encontradas e fez um apelo às mineradoras, para que desativem as barragens inseguras para que não aconteçam mais acidentes tão devastadores, como os de Brumadinho e Mariana. Ao todo, estima-se que existam mais de 40 barragens em situações críticas, ameaçando dezenas de cidades em Minas Gerais.

Às 12:28, horário em que ocorreu o rompimento, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem às vítimas, em meio a preces e muita emoção. Ao final do ato houve a chamada de todas as joias. Esta chamada é realizada todos os meses, no dia 25, data do rompimento da barragem. As manifestações, organizadas mensalmente pela AVABRUM, dão continuidade às lutas pela memória das 272 vidas ceifadas, justiça e encontro dos que ainda estão sepultados na lama. Na sequência, os manifestantes realizaram um abraço simbólico no Fórum da cidade.

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Brasil registrou crescimento de 30% em óbitos e acidentes de trabalho em 2021 na comparação com o ano anterior

Instituído pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em memória das vítimas de acidentes e doenças laborais, o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho (28/4) merece especial atenção no Brasil.

Segundo dados do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho (SmartLab), da OIT e do Ministério Público do Trabalho (MPT), o país registrou 2,5 mil óbitos e 571,8 mil Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) em 2021.

Os números representam um acréscimo de 30% em relação ao ano anterior. Entre 2012 e 2021, foram registradas 22,9 mil mortes e 6,2 milhões de CATs no mercado formal de trabalho brasileiro.

fonte: Tribunal Regional do Trabalho – 4ª Região

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