Artista francês Saype visita o Brasil para chamar atenção sobre impactos da mineração

O artista visita Rio de Janeiro e Brumadinho para pintar obras em grande escala que convidam o mundo à reflexão sobre o segundo maior desastre industrial do século 21, quando a barragem da Vale se rompeu em Brumadinho, matando 272 pessoas.

Questões sociais, meio ambiente, sustentabilidade, assim como a arte e a cultura como vetores de comunicação a serviço da sociedade são os principais focos das obras do artista francês Guillaume Legros, conhecido como Saype. No Brasil, e especialmente em Brumadinho, ele vai realizar pinturas para servir de alerta e discussão sobre os impactos da mineração. Desde 2013, o artista pinta enormes e efêmeros afrescos em superfícies gramadas, e procura usar sua arte para transmitir mensagens com valores sociais. Ele usa tinta 100% biodegradável, feita de pigmentos naturais (giz e carvão).

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Em Brumadinho, a expectativa é que Saype pinte em terrenos próximos à mina do Córrego do Feijão, onde a barragem da Vale se rompeu em 2019 matando 272 pessoas, uma versão de seu projeto Beyond Walls (além das paredes em português).  Trata-se de uma obra de arte específica que mostra mãos que se estendem e se entrelaçam, unidas em um esforço comum além de todas as paredes que separam os humanos e os encerram em espaços mentais ou geográficos.

A expectativa é que Saype faça uma pintura no campo de futebol do Córrego do Feijão

Brumadinho e Rio de Janeiro são duas das 30 cidades do mundo escolhidas por Saype para receberem pinturas do projeto Beyond the Walls, que começou em 2019 e vai até 2024. Saype afirma que “a questão da mineração e seus impactos é um problema mundial e muito atual no âmbito da sustentabilidade e cuidado com a vida humana”. Ele acredita que momentos como esse são uma grande oportunidade para abordar questões tão problemáticas e alcançar as pessoas por meio da arte.

O artista chegou ao Brasil no dia 9 de julho. Sua primeira pintura está prevista na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, cidade onde também realizará uma oficina de pintura para jovens no Morro de São Carlos, e uma coletiva de imprensa com a presença da diretoria da AVABRUM (Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem  Mina Córrego Feijão Brumadinho).

No dia 21 de julho, Saype chega a Brumadinho para realizar mais pinturas e oficinas com moradores na cidade que foi palco da pior tragédia trabalhista do Brasil. Lá, ele irá realizar também uma roda de conversa e participará do Ato em Homenagem às vítimas da barragem da Vale, que acontece todo dia 25 de cada mês, desde o rompimento.

A visita de Saype ao Brasil é uma das muitas ações culturais promovidas pelo Legado de Brumadinho, projeto em memória das vítimas do maior acidente de trabalho do Brasil, na tentativa de estabelecer uma nova mentalidade na sociedade sobre a importância das políticas de saúde e segurança no trabalho. O projeto lança um amplo programa de ações que inclui capacitação, comunicação, publicidade e divulgação de notícias, para que tragédias como essas não se percam no emaranhado da agenda global. Seu lema é: “Hoje, você pode salvar vidas. Amanhã, pode ser tarde.”

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