Alunos do CEJA participam de entrevistas e começam a aprimorar suas técnicas de comunicação
Dentro do projeto, os alunos seguem na elaboração de documentário, podcast e revista. Desta vez, com um toque internacional, tendo como pauta o artista francês Saype em entrevista exclusiva
Cobrir grandes eventos e entrevistar artistas estão no topo da lista de qualquer profissional de comunicação. Alunos da Oficina de Comunicação Comunitária do Projeto Legado de Brumadinho, que iniciaram o aprendizado há pouco mais de um mês, começaram a realizar entrevistas com moradores da comunidade, abordando a história do município e a cultura local. Já no sábado (23/07), dia de aula, a atividade foi no Córrego do Feijão, mais precisamente no campo da comunidade. Lá, encontraram com o artista francês Saype.
Equipe Ceja com Saype
O artista mostra sua arte por todo planeta e Brumadinho recebeu o evento. Assim, os alunos foram até lá registrar o trabalho. Foram tiradas fotos, realizados vídeos e uma entrevista exclusiva para o CEJA – Comunicação Expressiva Pelas Joias. Eles foram orientados pelos educadores e por tradutores. O material será compilado, editado e em breve será publicado dentro dos moldes de cada grupo na oficina.
Em resposta a uma das perguntas feitas pelos alunos e narradas por Lennon Felipe dos Santos – jovem da oficina que segurava o microfone e mostrava total empolgação -, Saype disse que a importância do grupo de comunicação para a comunidade é a mesma que da arte dele para o mundo: dar voz.
“A arte é uma importante linguagem com poder de conexão. A comunicação para a comunidade também é, pois chega a todos. A ideia de estar aqui é, primeiramente, ser a voz da causa e luta dos familiares, além de falar sobre a problemática da mineração e todo impacto causado por trás,” comenta Saype.
Para o jovem Victor Rezende, morador de Córrego do Feijão e participante da Oficina, a ação de Saype tem o poder de manter a memória sempre viva e é uma ótima ideia. “Por sermos moradores aqui do bairro, estamos rodeados de péssimas lembranças. Esse evento, com o Saype, ajudou a trazer algo positivo para cá, e certamente vamos lembrar sempre disso. É uma força a mais e ser participante da oficina ajuda na construção desse legado. Nós estamos fazendo parte desse momento,” comenta o aluno que perdeu, no rompimento da barragem, amigos e colegas de escola.
Victor fotografa Saype pintando
Os alunos participaram, no domingo, também no Córrego do Feijão, do abraço coletivo de afeto, solidariedade e luta por justiça realizado pela população ao redor da pintura de Saype. A ideia é que a imagem corra o mundo. O último ato do artista francês em Brumadinho será no dia 25, segunda-feira, no ato em homenagem às vítimas da Barragem, que acontecerá no letreiro da entrada da cidade, às 12h. Os alunos da Oficina também estarão presentes na cobertura do evento.
Cobertura interestadual
Pela primeira vez, a aluna Perla Silva não somente andou de avião e conheceu o mar como realizou uma entrevista com um artista famoso. A jovem esteve no Rio de Janeiro no último dia 20, acompanhada de representantes da diretoria AVABRUM, e participou da coletiva de imprensa para jornalistas cariocas, cuja abordagem foi a união, bondade, solidariedade e justiça. A jovem disse que ficou muito emocionada e traduziu em uma palavra a jornada: ‘incrível’. “Eu consegui fazer as fotos, vídeos e achei bem legal. Não foi um bicho de sete cabeças. Fiz algumas perguntas e o achei uma pessoa bem humilde. Abordei o trabalho dele, o que o tocou e por aí vai”, menciona.
Perla está animada com a oficina e todo aprendizado tem sido colocado em prática. “Nós fomos até o prédio da Vale. Por fora, tudo muito bonito, mas sabemos que não é assim. É importante que todos saibam que ela não repara nada, até porque perder a vida é irremediável”, conta. Para finalizar, a jovem, orgulhosa do desempenho que vem tendo na área da comunicação, disse: “Eu tirei algumas fotos e tem uma, em especial, que até foi para um site grande. Eu vi lá e estava com crédito em meu nome. Fiquei me achando (risos). Foi bem legal”.
