Alunos do CEJA iniciam entrevistas com o objetivo de enfatizar a história de Brumadinho

Divididos em grupos para produção audiovisual, rádio e artes gráficas, bolsistas buscam fontes ligadas ao município que contribuíram e ainda fazem muito para fortalecer o legado

O CEJA – Comunicação Expressiva Pelas Joias – já está em plena atuação. Os alunos da Oficina de Comunicação Comunitária, do Projeto Legado de Brumadinho, estão produzindo materiais, acompanhando coletivas de imprensa e cada vez mais inseridos na área. No último sábado, dia 9 de julho, os bolsistas se dividiram em grupos e iniciaram a produção dos diferentes roteiros, dentro de cada área, com a temática Brumadinho – contando a história e a cultura local. Foram sugeridos, pelos próprios estudantes, abordagens sobre fatos históricos, linguagens, personagens e acontecimentos dentro da cultura da cidade.

Na parte radiofônica, coordenada pela jornalista e educadora Alessandra Dantas, houve a definição dos temas que serão abordados e também foram selecionadas as fontes e os personagens. “Eles saíram daqui com os temas das reportagens que irão trabalhar durante as próximas semanas, dentro do processo de produção de rádio. O pensamento foi todo na convocação de personalidades de Brumadinho, que muitas vezes não aparecem em outros veículos e que aqui terão espaço e valorização,” comenta.

Já na produção audiovisual, após a definição dos personagens, foi alinhado que o grupo irá trabalhar no formato documentário. A organização foi discutida e os alunos já começaram a apuração, a pesquisa histórica e a produção de roteiro. Para a jornalista e educadora social Sheila Castro, os alunos estão se desenvolvendo bem e conseguirão executar um excelente trabalho. “As atividades estão sendo orientadas e percebe-se o interesse dos alunos dentro de cada tema. Hoje tivemos a elaboração de roteiro, bate-papo sobre o personagem escolhido e houve uma participação ativa de todos. Agora é partir para a execução,” comenta.

O universo gráfico ficou por conta da designer e educadora Mila Barone, e a pauta escolhida foi Fanzine – que provém da combinação do final do vocábulo ‘magazine’, que tem o sentido de ‘revista’, com o início de ‘fanatic’. Basicamente é um veículo editado por um ‘fã’, seja de graphic novels, obras de ficção científica, ou de poemas, músicas, filmes, videogames, entre outras temáticas, onde os alunos irão trabalhar dentro do tema escolhido.

As atividades de artes gráficas serão executadas na busca da identidade de Brumadinho, dentro do primeiro ciclo do Projeto. “Hoje conversamos sobre escrita criativa, falamos sobre as entrevistas que serão realizadas e outros temas inseridos no processo gráfico,” finaliza Mila.

A designer e educadora Mila Barone dá aula sobre universo gráfico na oficina

Para melhor proveito e interação, os alunos da Oficina de Comunicação Comunitária podem utilizar as dependências da sede da Sabic (Associação dos Amigos das Bibliotecas Comunitárias) onde acontecem os cursos, também durante a semana, e não somente aos sábados. Lá, a entidade disponibiliza computadores, internet, câmeras e outros materiais para que os bolsistas sejam atendidos e consigam colocar em prática todo o aprendizado adquirido, fazendo com que o legado seja encarado como principal compromisso com a população de Brumadinho.

Sair do luto e partir para a luta’

O aluno Lenon Martins, de 25 anos, sempre foi ativo em demandas comunitárias. Atuou como Presidente da Associação de Bairros onde mora e, para ele, pautar interesses coletivos é uma maneira de exercer cidadania e ter voz. Com a oficina, tem colocado em prática as técnicas aprendidas e já fez sua primeira cobertura de uma coletiva de imprensa, na quinta-feira, dia 7 de julho, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.

No evento, o sindicalista Michael Wolters, que é secretário do Departamento de Assuntos Políticos e Internacionais do Sindicato Industrial de Mineração, Química e Energia – IGBCE, da Alemanha, e o também sindicalista Tom Grinter, diretor da IndustriALL Global Union, dos Estados Unidos, responderam às perguntas dos comunicadores, e Lenon, atento, se fez presente e deu seu primeiro passo. “Foi a minha primeira participação em um evento assim. Foi importante saber de todo o processo e como funciona. Um aprendizado muito grande, pois colocamos em prática aquilo que aprendemos nas oficinas anteriores”, menciona.

Na sexta-feira, Lenon também participou do encontro, que ocorreu no Centro de Convivência da AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão), e destacou a importância das atividades mais próximas da sociedade. Para ele, a socialização entre os estudantes tem sido um diferencial e, aos poucos, percebe-se que os alunos estão “mais soltos” e isso contribui bastante para o andamento do projeto. “As aulas estão sendo ótimas tanto para o lado comunicador da pessoa quanto para outros campos. Existem pessoas no grupo que precisam de convívio. Sair do luto e partir para a luta. A mudança de dentro para fora também é um enorme legado”, finaliza.

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